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Digno de Nota

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

“O FORTE” (Bernard Cornwell)

Estavam no lugar certo. Estavam prontos… A partir daqui vamos subir, pensou Wadsworth. Pelo milharal, através do terreno aberto, por cima do fosso e pulando o muro, até a vitória. Isso parecia fácil, mas haveria balas esféricas e metralha, gritos e sangue, fumaça e saraivadas de mosquetes, morte contorcida em agonia, homens berrando, aço retalhando tripas, calças sujas de merda e o diabo gargalhando enquanto jogava seus dados.
Pag. 412
~~~*~~~
Em 1779, três anos após a declaração de independência, a tensão entre a antiga colônia e a Inglaterra se torna insustentável. Com o objetivo de tomar posse e fixar uma província para recolonizar, a Coroa britânica enviou uma frota à Majabigwaduce – um vilarejo no estado de Massachusetts. Este local, cercado por uma grande baía no rio Penobscot, era perfeito para estabelecer uma base e defendê-la dos rebeldes.
Vindo de Halifax, Nova Escócia, o general Francis Mclean aportou em Majabigwaduce e desembarcou cerca de 700 soldados. Presumindo a intervenção do exército rebelde, os ingleses começam a construir um forte para amparar suas fracas defesas e escasso número de soldados.

Em resposta, os rebeldes organizam uma esmagadora expedição militar.“Aprisionar, matar ou destruir”… Estas foram as ordens do governo de Massachesetts contra as forças inimigas. A ofensiva americana tem como vantagem uma grande frota naval com mais de 40 embarcações sob o comando geral do Capitão Saltonstall. Os americanos também reuniram um batalhão de aproximadamente mil homens liderados pelo general Solomon Lovell e uma generosa artilharia de canhões comandada pelo tenente-coronel Paul Rivere. E assim, os rebeldes partiram para expulsar os “casacas vermelhas” de seu território.
Quando a frota americana chega a Majabigwaduce, o forte está inacabado e seria fácil tomá-lo, porém vários obstáculos são apresentados pelos líderes da expedição.

De um lado o capitão Saltonstall se recusa em invadir a baía e atacar os navios ingleses sob a mira dos canhões localizados na encosta e no forte. Ele exige que o forte seja conquistado primeiro. Em contrapartida, o general Lovell acredita que só terá sucesso em derrubar o forte se, ao mesmo tempo, executar uma ação ofensiva contra as embarcações inglesas. Entre a disputa de forças travada pelo arrogante capitão Saltonstall e o irresoluto general Lovell, está o general Peleg Wadsworth. Peleg assume a responsabilidade de tentar convencê-los a entrar em ação, pois a hesitação está beneficiando os ingleses…a cada dia os muros do forte estão mais altos e a construção se torna ainda mais inexpugnável.

Mas a hesitação de ambos os lideres não é o único problema. Com um contingente em sua maioria formado por mercenários, soldados feridos, jovens inexperiente e fazendeiros forçados a aderir à causa; o exército rebelde estava despreparado para a batalha. Peleg Wadsworth enfrentava a desordem, insubordinação e deserção de seu próprio exército. Apesar de sua reputação de patriota fervoroso, durante o cerco, o tenente-coronel Paul Rivere se mostra incompetente em suas funções, insolente e um tanto covarde.
Frente a tanta dissensão, Peleg Wadsworth percebeu que – naquele momento – não havia uma mão firme e audaciosa na direção da expedição. O que iniciou com a promessa de uma conquista simples, terminou com uma sucessão de tropeços. A ousada campanha militar de Penobscot se transformou em um verdadeiro inferno…
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“O Forte” de Bernard Cornwell, é o último livro do autor lançado no Brasil. Considerado o mestre da ficção histórica, dessa vez Cornwell nos leva por uma viagem diferente. No início estranhei um pouco a forma como Cornwell conduziu a história. Geralmente seus livros são alicerçados em fatos históricos ou conflitos famosos, mas é possível perceber a ficção entremeada ao real. Os fatos históricos servem como pano de fundo e os personagens, reais ou fictícios, transitam por esse cenário participando de tramas paralelas.
Contudo, em O Forte, isso não ocorre. Fica claro que Cornwell tentou ser o mais fiel possível aos acontecimentos históricos e a ficção ficou basicamente por conta da introdução de personagens para dar corpo à trama e apoiar as ações dos protagonistas reais.
Embora o autor tenha detalhado as diferenças entre as embarcações, infelizmente não consegui visualizar com clareza a frota naval formada por: brigues, chalupas e escunas. Minha maior dificuldade foi entender o conjunto de manobras de combate executadas pelos navios amplamente descritas no livro.
Excetuando as cenas de movimentação naval que, para mim, dificultaram um pouco a leitura, a narrativa flui bem.

Uma simples pesquisa na internet revela o desfecho dessa batalha. Como os acontecimentos históricos são imutáveis, não os considero spoiler. Mas decidi deixar a cargo do leitor, ler ou não, o trecho a seguir.


A expedição é descrita como o maior desastre naval da história dos EUA antes de Pearl Harbor. A frota enviada para Majabigwaduce foi a maior reunida pelos rebeldes durante a Guerra da Independência. Havia também uma artilharia de canhões, porém o maior obstáculo em usá-los ficou a cargo da desobediência e resistência de Paul Rivere em receber ordens.  Sem falar na milícia que era composta por soldados fracos e, um grande número deles, era de pessoas comuns e fazendeiros que foram forçados a lutar. Como é de se esperar, esses homens eram indisciplinados e muitos desertavam com receio do iminente confronto com os ingleses.

Apesar das forças americanas serem infinitamente superiores, com mais de 40 navios contra apenas 3 embarcações inglesas, os rebeldes foram expulsos e quase todos os navios foram destruídos. Mas como isso aconteceu? Uma sucessão de decisões equivocadas, hesitação por parte dos líderes, desavenças e insubordinação contribuíram para o fracasso.

Os rebeldes perderam a chance de expulsar os ingleses logo no início da campanha, já que o forte estava incompleto e poderia facilmente ser tomado. Entretanto, o general Lovell vacilou frente a seu comando e, ao invés de atacar, construiu trincheiras para se defender. Ora...ele estava ali para “Aprisionar, matar ou destruir” e não esperar ser atacado pelo inimigo. Ao retardar o ataque, os americanos permitiram que os muros do forte fossem reforçados e deram tempo para que a marinha real britânica enviasse reforços ao local. O resultado foi desastroso. Dos navios americanos enviados à baía Penobscot, apenas 2 ou 3 foram capturados e o resto foi queimado por seus próprios capitães. Os rebeldes preferiram destruir seus navios a deixá-los como butim para os ingleses. A milícia e a tripulação dos navios foram forçadas a fugir com poucos suprimentos…
Durante a leitura, enfrentei um constante estado de agonia. Era inacreditável a desordem e a estupidez do comando americano. Minha frustração foi tanta, que me peguei torcendo pelos ingleses… deixei a causa da liberdade de lado e me tornei partidária dos conquistadores. rsrs

Bernard Cornwell nos conta um episódio amargo da história da revolução americana que, para mim, era totalmente desconhecido. “O Forte” mostra a verdade por trás do mito dos heróis revolucionários e patriotas fervorosos; e expõe aqueles que lutaram pela liberdade como homens passiveis de erros e fraquezas.

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