"Meu senhor[...] - Não é melhor experimentar um pouco de felicidade do que nenhuma?"
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Sinopse:
A padaria de Lina em Tulsa não está dando lucro – e ela precisa de um plano para salvar o negócio. Ao se deparar com um livro de receitas de uma deusa italiana, Lina acredita ter encontrado a resposta de que necessita – mesmo que isso signifique convocar uma deusa antiga... Em pouco tempo, Lina encontra-se face a face com a deusa Deméter, que propõe a ela trocar de lugar com Perséfone, a Deusa da Primavera, a qual irá dar vida nova à padaria. Por sua vez, Lina, incorporando a adorável Perséfone, deverá conduzir Primavera a um mundo de espíritos. Mas quando o atraente e soturno Hades desperta uma chama em seu coração, Lina não sabe se o sombrio Senhor do submundo é seu pior pesadelo – ou o homem dos seus sonhos.
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"Deusa da Primavera" é o segundo livro da série Goddess escrita pela autora P.C. Cast. Nesse romance temos uma releitura do mito da Deusa Perséfone, conhecida por ser a deusa da agricultura e da vegetação, sendo a responsável pela fertilidade dos grãos que eram plantados. Como já vimos em "Deusa do Mar", P.C. Cast enaltece o feminino em mulheres contemporâneas.
Lina comanda a padaria que herdou de sua avó, a Pane Del Dea, mas as coisas não estão nada fáceis. Enfrentando dificuldades financeiras, ela se vê prestes a fechar as portas. Para salvar o negócio, Lina pensa que uma nova receita poderia atrair mais clientes. Em meio a suas tentativas, ela encontra um livro de receitas intrigante. No entanto, ao experimentar uma das receitas, acaba invocando a Deusa Deméter.
Deméter está preocupada com sua filha Perséfone, que é linda e cheia de vida, mas um tanto imatura. Para ajudá-la, a deusa decide enviá-la ao mundo dos mortais e trazer Lina para o mundo dos deuses. Lina teria que passar seis meses no submundo, na companhia de Hades, o senhor dos mortos.
Pode parecer improvável que um enredo assim funcione, mas devo confessar que me deixei cativar pelo deus austero e endurecido, que acaba sendo tocado pela doçura de uma mortal. Hades é um verdadeiro incompreendido!
Não é à toa que Lina se sente atraída por esse deus sombrio, solitário e melancólico; algumas mulheres têm a necessidade de curar homens feridos.
Ao longo do livro, o deus taciturno se transforma em um personagem atraente, sedutor e sensível. O romance é repleto de cenas de sedução e conquistas, e eu realmente aprecio clichês.
Porém, nem tudo me agradou. O que me incomodou foi a maneira como a protagonista é apresentada: uma mulher de meia-idade, divorciada e fora dos padrões de beleza da sociedade. A autora se concentra demais no peso de Lina e descreve como Perséfone ajuda o corpo mortal a emagrecer e se tornar mais atraente. Isso acaba revelando, de forma disfarçada, uma visão negativa sobre o corpo de Lina. Além disso, a protagonista é retratada com uma autoestima baixa e uma insegurança excessiva.
Faltou também um pouco de ação e um antagonista para desafiar os personagens. A história segue de maneira linear, centrando-se na resistência de Hades, na insegurança de Lina e no romance, com apenas alguns breves contratempos no submundo para trazer um pouco mais de dinâmica.
Hades e seu submundo são retratados de forma rica e vívida; P.C. Cast o apresenta como um lugar encantador para se viver. O cenário é fascinante, mas, na verdade, pouco acontece ali.
"Deusa da Primavera" se assemelha a um conto de fadas. É uma leitura cativante e fluida, mas carece de desafios para o leitor.