— Senhor Deus, venho diante de vós e dos bons irmãos aqui presentes pedir meu ingresso na Ordem e a participação nos bens espirituais e temporais que nela residem. Desejo por toda a minha vida servir como um escravo da Ordem do Templo e pôr minha vontade de lado em benefício da vontade de Deus.
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Will Campbell era um moleque de apenas treze anos, mas já estava sendo treinado para ser um Cavaleiro Templário, a ordem mais poderosa existente. Will sabia que para ser um Templário, ele deveria estar disposto a fazer qualquer sacrifício, a agir de acordo com muitas regras e cumprir ordens. Afinal, ele seria um soldado. Um guerreiro de Cristo!
Mas…esse dia ainda não havia chegado. Will sempre estava envolvido em alguma confusão e não conseguia conter seu temperamento. Seu desejo de se tornar um cavaleiro do Templo era forte e verdadeiro, mas pelos motivos errados...
Seu pai, James Campbell, havia “tomado a cruz” e viajou para a Terra Santa logo após fazer seus votos. Assim, Will fora viver na fortaleza do Templo em Londres e tornara-se um sargento. Os fantasmas de uma tragédia familiar ainda o assombravam e sentia-se abandonado pelo pai. Mas Will estava determinado a se redimir, seria um Cavaleiro Templário e deixaria James orgulhoso.
Ao ser transferido para a sede do Templo em Paris, o caminho de Will é atravessado por uma avalanche de acontecimentos inesperados. Will acaba se tornando aprendiz e copista do padre Everard de Troyes, um homem misterioso que guarda muitos segredos. Após seis anos servindo o padre Everard, Will continua sendo apenas um sargento. O fato de empunhar uma pena ao invés de uma espada o deixa amargurado, pois está convencido de que seu mestre não o deixará ser um cavaleiro. Will encontra um pouco de conforto na companhia de Elwen, uma linda jovem cujo destino parece estar ligado ao seu.
Mas tudo muda quando Everard pede a ajuda de Will para encontrar um perigoso livro que fora roubado. Em mãos erradas, o Livro do Graal pode destruir a Ordem do Templo. Para convencer Will a colaborar com sua causa, Everard confessa ser membro de uma organização secreta que reside clandestinamente dentro da Ordem do Templo, a Anima Templi – “a alma do templo”. Durante a frenética busca pelo Livro do Graal, Will será envolvido em uma rede de intrigas e conspirações que o seguirá desde a Europa até a longínqua Terra Santa.
Enquanto isso, “A Besta” ascende no Oriente. Cruel e brilhante estrategista, Baybars, outrora escravo, trilha seu caminho até tornar-se comandante do exército mameluco e, por fim, sultão do Egito. Seu maior anseio é exterminar a influência dos cristãos de sua terra natal e para alcançar seu objetivo ele está disposto a proclamar a Jihad. A guerra santa em favor do Islã será impiedosa, pois a fé de Baybars é inabalável. “Existe apenas um único Deus, e Maomé é seu mensageiro”.
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“Irmandade” é o primeiro volume da trilogia homônima escrita pela autora Robyn Young. Sou suspeita para opinar sobre livros de ficção histórica e épicos, pois são gêneros que me fascinam. Nunca me canso de lê-los.
Para que é fã de épicos históricos, mas não se identifica com algumas caracteristicas do gênero, como: longas descrições e passagens muito descriticas, Robyn Young não pesa a mão nesse aspecto. As descrições são na medida certa para contextualizar o ambiente, a época e os personagens no enredo sem tornar a narrativa enfadonha. Pelo contrário, a trama é repleta reviravoltas e cenas envolventes.
Para que é fã de épicos históricos, mas não se identifica com algumas caracteristicas do gênero, como: longas descrições e passagens muito descriticas, Robyn Young não pesa a mão nesse aspecto. As descrições são na medida certa para contextualizar o ambiente, a época e os personagens no enredo sem tornar a narrativa enfadonha. Pelo contrário, a trama é repleta reviravoltas e cenas envolventes.
Young nos leva das ruas mal cheirosas e frias de Londres e Paris às quentes planícies da Palestina. A história das Cruzadas nos é apresentada tanto do ponto de vista do Oriente como do Ocidente. Acompanhamos a campanha dos Cristãos em “libertar” a Terra Santa do domínio dos infiéis. Em contrapartida, vislumbramos a fúria dos muçulmanos por terem suas terras invadidas por estranhos. Apesar da retaliação cruel do sultão Baybars, não consegui pintá-lo como um homem mau, pois ele estava defendendo a liberdade e a fé de seu povo.
Em "Irmandade" não há o clichê do herói versus vilão, do bem contra o mal. Existe apenas homens em lados opostos de uma guerra.
Em "Irmandade" não há o clichê do herói versus vilão, do bem contra o mal. Existe apenas homens em lados opostos de uma guerra.
Irmandade atravessa um período de doze anos, de 1260 a 1272, onde acompanhamos o crescimento de Will. Vemos o garoto de treze anos se tornar homem, o sargento ser consagrado cavaleiro templário, amizades se tornarem amores, confianças serem traídas e esperanças por redenção destruídas. Para mim, valeu cada página lida.
Young, Robyn. Irmandade. Record, 2012. 599 p. (Irmandade, Vol. 1)